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BONITO

Médium João de Deus é acusado de abuso em MS

18 dezembro 2018 - 14h15Por Da redação

O médium João de Deus preso na tarde de domingo (16/12), acusado de ter praticado abusos sexuais durante atendimentos espirituais, foi denunciado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por uma vítima que afirma ter sido abusada pelo religioso em 2009, durante uma visita na cidade de Bonito. 

Até o momento, as denúncias partem de 14 Estados, seis países e 560 denúncias enviadas aos MPE (Ministérios Públicos Estaduais) do Brasil. 

Segundo o Campo Grande News, quem recebeu a denúncia foi o promotor titular da 1ª Promotoria de Justiça de Bonito, João Meneghini Girelli, responsável pela investigação. 

O promotor divulgou no site do MPMS uma matéria para que as possíveis vítimas pudessem procurar o Ministério Público e serem ouvidas. Duas horas depois da matéria ir ao ar, a promotoria recebeu a primeira denúncia.

“Tudo começou porque fiquei sabendo de familiares da presença dele em Bonito. Com esse conhecimento eu tomei a iniciativa de fazer uma reportagem interna para tentar divulgar para o público externo e para nossa surpresa em menos de 2h já teve uma ligação. Essa vítima disse que não queria ter muita dor de cabeça para prestar o depoimento, então falei que iríamos fazer uma gravação sua por telefone, a gente combinou um horário determinado”, contou o promotor.

Conforme o site, o médium visitou a cidade turística nos anos de 2008 e 2009 e em julho de 2009, teria cometido o abuso. 

“A história é semelhante, a vítima destacou que ele a levou para um atendimento reservado e acabou praticando abusos”, comentou.

Risco de “caducar”

Como são quase dez anos que o caso teria acontecido em Bonito, o crime corre risco de “caducar”, assim como diversas denúncias contra João de Deus, conforme entrevista da delegada Karla Fernandes à Folha de São Paulo. 

O promotor explica, no entanto, que o caso é analisado com cuidado para que a denúncia possa ser apresentada.

Outra questão que permeia à investigação é a mudança no Código Penal, que ocorreu em agosto de 2009 e trouxe novas tipificações para crimes sexuais, além de penas mais elevadas. O caso do abuso em questão, no entanto, ocorreu antes da mudança da lei e dessa forma, explica o promotor, será enquadrado na lei antiga.

“A situação é um pouco delicada, a lei nova piorou a situação dos agressores, deu toda uma reformulação nesses crimes sexuais, acabou com muita velharia, colocou coisas novas. Eram muito mais brandas as penas”, esclarece o promotor. 

João explica ainda que há possibilidade do abuso ser denunciado como violência presumida, grave ameaça ou caso da violação sexual mediante fraude.

O promotor, apesar dos desafios do caso, faz um alerta: o risco de “caducar” ou a legislação antiga não podem desestimular as vítimas a denunciarem.

Prisão

Como a mídia vem divulgado, João de Deus era considerado foragido, mas se entregou às autoridades de Goiânia no domingo (16/12). Nesta terça (18/12), a Justiça de Goiás pode decidir o pedido da defesa, que entrou com habeas corpus para transformar a decisão judicial de prisão preventiva em prisão domiciliar com tornozeleira. 

A defesa argumenta a idade avançada e no estado de saúde de João de Deus.

O Ministério Público Estadual de Goiás criou uma força-tarefa para investigar as denúncias de abuso sexual, que teriam ocorrido desde a década de 80 até outubro do ano passado.

 

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