sexta, 26 de abril de 2024
R$ 2 milhões desviados

Lama Asfáltica pode encaminhar dois inquéritos à Justiça de MS

28 junho 2016 - 10h00Por G1
A Polícia Federal deve enviar à Justiça dois inquéritos das duas fases da operação Lama asfáltica. A investigação está analisando os documentos apreendidos. Esse trabalho não tem prazo para terminar e pode levar à abertura de novas investigações.

O foco do trabalho é saber onde estão os quase R$ 2 milhões que deveriam ter sido investidos em obras de Mato Grosso do Sul. Os investigadores e auditores acreditam que pelo menos 20%, cerca de R$ 400 milhões, foram desviados.

"Durante uma busca você acaba apreendendo documentos relacionados diretamente com a investigação ou documentos que não apresentam uma relação direta, mas indicam uma prática de outros crimes. Nós fazemos esses desmembramentos e são instaurados novos inquéritos que podem virar uma operação grande ou não", afirmou o superintendente da PF, Ricardo Cubas.

Dos presos na segunda fase da operação, apenas o empresário João Afif Jorge permanece no Centro de Triagem "Anísio Lima" do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. A prisão dele foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) que acredita que o engenheiro seja sócio de fazendas do ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal, Edson Giroto.

Além de Giroto, o empreiteiro João Amorim, o ex-prefeito de Paranaíba e servidor da Agência Estadual de Gestão de Empreendimento (Agesul), Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o empreiteiro e dono da Proteco, João Amorim, e o empresário do interior de São Paulo Flávio Henrique Garcia deixaram o presídio após 42 dias.

Uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) também beneficiou a filha do ex-prefeito, Mariane Mariano, por estar em fase de amamentação, a advogada Raquel Giroto, mulher do ex-deputado federal Edson Giroto, por ser advogada e ter uma filha de 7 anos, e Elza Cristina Araújo dos Santos, advogada, secretária e sócia de João Amorim conseguiram o direito da prisão domiciliar. Outra mulher que teve a prisão preventiva decretada foi Ana Paula Amorim, filha do empreiteiro. Ela foi presa no Rio Grande do Sul.

Salas específicas
Para manter o mais absoluto sigilo sobre o teor da documentação apreendida na operação Lama Asfáltica, 2 salas foram "criadas" para análise e depósito do material apreendido, conforme explicou ao G1 o chefe da Controladoria-Geral da União (CGU-MS), José Paulo Juliete Barbieri.

Além de documentos, dólares e reais em espécie, veículos e dois aviões foram apreendidos. Houve ainda o bloqueio de R$ 43 milhões dos R$ 195 milhões identificados como recursos desviados.

Durante as buscas, responsáveis constataram ainda o investimento de 67 mil hectares em imóveis rurais. Já na área urbana, os envolvidos montaram empresas e adquiriram bens.

Foram ao todo 15 presos, entre servidores considerados "fundamentais para o esquema", segundo a polícia, além de empresários e outros suspeitos. Até o momento, 24 pessoas são investigadas. Das prisões, são 8 mulheres e 7 homens.

Investigação
As investigações sobre o suposto esquema de corrupção teve início em 2013. Na primeira fase da apuração, foi verificada a existência de um grupo que, por meio de empresas em nome próprio e de terceiros, superfaturaram obras contratadas com a administração pública, mediante corrupção de servidores públicos e fraudes a licitações, ocasionando desvios de recursos públicos.

Em análise a material apreendido na primeira fase da operação, a CGU e a Receita Federal verificaram indícios de lavagem de dinheiro, inclusive decorrentes de desvio de recursos públicos federais e provenientes de corrupção passiva, com a utilização de mecanismos para ocultação de tais valores, como aquisição de bens em nome de terceiros e saques em espécie.

Primeira fase

No último mês de fevereiro, o Ministério Público do Estado (MP-MS), denunciou 40 pessoas por envolvimento em corrupção em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Esses denunciados tinham sido investigados pela PF. Na época, R$ 84 milhões em bens foram bloqueados.

A operação foi deflagrada em 9 de julho de 2015, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas que tinham contratos com o poder público.

A PF e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados na época.

Na lista de obras investigadas na primeira fase estão o Aquário do Pantanal e as rodovias MS-171, MS-228 e MS-187. Todas foram executadas na administração de André Puccinelli (PMDB). Na época, a assessoria do ex-governador informou que "todas as contratações seguiram rigorosamente a legislação vigente e aplicável ao caso" e "os pagamentos efetuados foram feitos após verificação dos fiscais de cada uma das obras.

Deixe seu Comentário

Leia Também

CONSUMIDOR

Projeto prevê interrupção imediata de cobrança de serviço não prestado sem motivo

EDUCAÇÃO

Convocação de lista de espera do Fies é prorrogada até 17 de maio

TRABALHO, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA

Projeto aumenta valor de benefício pago a pessoa com deficiência que trabalha

JUSTIÇA

STF tem placar de 3 a 0 para manter derrubada da desoneração da folha