terça, 30 de abril de 2024

Dossiê denuncia violações na preparação do Rio para os Jogos Olímpicos

Dossiê denuncia violações na preparação do Rio para os Jogos Olímpicos

09 dezembro 2015 - 10h45Por Agência Brasil
A quarta versão do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, disponibilizada nesta terça-feira (8) pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do RJ e o Observatório das Metrópoles, diz que as violações à moradia permanecem sendo cometidas pela prefeitura da capital fluminense. O documento está sendo divulgado também em outros países, na versão em inglês.

“O dossiê demonstra que as remoções, ao contrário do que a prefeitura vinha anunciando desde o ano passado, não pararam. Estão ainda em curso e parte considerável está associada às intervenções das Olimpíadas, sobretudo em termos de mobilidade”, afirmou à Agência Brasil o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Orlando dos Santos Júnior, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur-UFRJ), um dos coordenadores do trabalho.

Santos Júnior disse que embora haja dificuldade de se obter informações relacionadas aos Jogos Olímícos de 2016, o comitê procurou identificar as remoções associadas ao evento. “O discurso da prefeitura tem sido que no Rio de Janeiro não existem remoções vinculadas à Olimpíada, exceto da Vila Autódromo”. Para o pesquisador, porém, há uma contradição nesse discurso da prefeitura, que é negar as intervenções vinculadas à mobilidade como parte do Projeto Olímpico. “Só que, no entanto, essas intervenções estão no legado de políticas públicas”. A prefeitura, segundo ele, estaria, com isso, negando os efeitos perversos das remoções.

O Comitê Popular da Copa e Olimpíada identificou que pelo menos 4.120 famílias já foram removidas e outras 2.486 permanecem ameaçadas de remoção, por motivos direta ou indiretamente relacionados às intervenções do Projeto Olímpico.

Segurança

No que se refere à política da ordem e da segurança, o dossiê assegura que o Projeto Olímpico está muito associado à ideia de vender o Rio de Janeiro como uma cidade segura, como ocorre internacionalmente nas demais sedes dos Jogos Olímpicos do Rio. “Só que, na verdade, o projeto está associado a um processo de grande violência junto aos territórios populares, sobretudo aos jovens negros, que são as principais vítimas”. O dossiê denuncia que a política de segurança para a Olimpíada de 2016 é baseada na guerra, em extrema violência, na militarização e no racismo. “Há uma política de genocídio, no sentido que a intervenção nas favelas é tão violenta que está associada ao sistemático assassinato de jovens negros”.

O documento mostra que essa forma de violência está fundada nos autos de resistência. “Você tem semanalmente casos de violência policial associada a essa política de segurança”, disse, citando o recente extermínio, ocorrido na noite do dia 28 de novembro, de cinco jovens de 16 a 25 anos, no bairro de Costa Barros, zona norte do Rio.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), constantes no dossiê, o número de autos de resistência subiu de 381, em 2012, para 416, em 2013, no estado do Rio de Janeiro, elevando-se para 584, no ano passado. Na primeira metade de 2015, o ISP já registra 349 mortes.

Orçamento

O dossiê faz um esforço para demonstrar que, ao contrário do que afirma a prefeitura, a Olimpíada envolve mais gastos públicos do que privados. O documento procura registrar gastos que não estão contabilizados pela prefeitura, entre os quais contraprestações públicas vinculadas a parcerias público-privadas (PPPs) do Porto Maravilha e do Parque Olímpico.

Deixe seu Comentário

Leia Também

POLÍTICA

Prazo para tirar título eleitoral termina em 8 de maio

ECONOMIA

Governo vai insistir em Programa Juros por Educação, diz Tesouro

SAÚDE

Comissão aprova projeto que garante tratamento de dependentes químicos presos

GERAL

Concurso selecionará profissionais de TI para contrato temporário