quinta, 02 de maio de 2024

Pesquisadores brasileiros testam vacina oral contra hepatite B

Pesquisadores brasileiros testam vacina oral contra hepatite B

19 janeiro 2012 - 16h40
G1

Uma pesquisa brasileira está a caminho de desenvolver a primeira vacina oral contra a hepatite B. Já existe vacina disponível para a doença, mas a imunização é feita por meio de injeções.

O principal objetivo da nova fórmula é reduzir os gastos nas campanhas de vacinação. “Seringa e agulha têm um custo elevado”, apontou Osvaldo Augusto Sant’Anna, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Toxinas do Instituto Butantan, em São Paulo.

O Ministério da Saúde fornece a vacina a todos os cidadãos até os 29 anos. A hepatite B é uma infecção do fígado, provocada por um vírus, que pode provocar lesões graves em longo prazo.

Testes
A vacina oral se mostrou segura e eficaz nos testes com camundongos, ratos e cachorros. Os pesquisadores do Instituto Butantan estão preparando os protocolos necessários para iniciar os testes com humanos.

Esses testes precisam de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sant’Anna espera que a primeira fase de testes seja concluída até o fim de 2012.

Sílica nanoestruturada
A novidade apresentada pelo grupo brasileiro é uma substância chamada sílica nanoestruturada. Ela foi elaborada quimicamente para resistir à acidez e às enzimas do estômago, para ser absorvida apenas no intestino.

O pesquisador explicou que as vacinas orais disponíveis hoje funcionam porque são absorvidas ainda no esôfago, mas isso só dá certo com algumas doenças. “A sílica é a primeira possibilidade de atravessar a acidez do estômago”, garantiu Sant’Anna.

A ideia é colocar uma forma do vírus da hepatite B dentro da sílica. As células do sistema de defesa presentes no intestino capturam a substância e o corpo fica imunizado contra aquele agente causador.

“É como se fosse um envelope que leva a carta”, comparou o pesquisador. Segundo ele, se a técnica funcionar em humanos, pode servir para vários tipos diferentes de doença.

Mudanças na vacinação
Para Sant’Anna, isso valeria, por exemplo, para a vacina de poliomielite. Hoje, existe uma vacina oral contra a doença – a chamada vacina Sabin –, mas a injeção é considerada mais eficaz e segura. Tanto que o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (18) a substituição da dose oral pela injetável.

Outra novidade anunciada foi a entrada da vacina pentavalente no calendário de vacinação. Em uma única dose, a criança será imunizada contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenza tipo B e a própria hepatite B.

Segundo o entrevistado, essas mudanças não trazem alterações para os pesquisadores do Butantan. “Nossa ideia, inclusive, é criar vacinas orais polivalentes [que previnam mais de uma doença]”, concluiu.

Deixe seu Comentário

Leia Também

SAÚDE

Internações e mortes por influenza e vírus sincicial aumentam no país

EDUCAÇÃO

MEC criará protocolos para combater racismo em escolas

GERAL

Candidato poderá apresentar documento digital no concurso unificado

SAÚDE

Comissão de Saúde debate adoção de prontuário eletrônico único no SUS