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Próximo verão será o 1º com dengue e chikungunya circulando no país

24 novembro 2014 - 10h00Por Bem Estar
O vírus chikungunya deve se espalhar pelo país seguindo o padrão de disseminação da dengue, segundo infectologistas. No próximo verão, portanto, é provável que diferentes regiões do país tenham surtos simultâneos de dengue e chikungunya. Desde que chegou ao Brasil até o dia 25 de outubro, o chikungunya já infectou 828 pessoas, de acordo com balanço mais recente do Ministério da Saúde. O primeiro caso de transmissão interna do vírus no país foi registrado em setembro.

O médico Carlos Roberto Brites Alves, da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembra que os vetores das duas doenças são os mesmos: os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. “Temos dengue há mais de duas décadas e não conseguimos eliminar a infecção, pois não conseguimos eliminar os mosquitos. A chance de o chikungunya seguir um padrão semelhante de ocorrência é grande”, diz o especialista.

Para Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “Pandemias: a humanidade em risco”, o histórico do vírus nos últimos 10 anos permite concluir que ele deve continuar se espalhando.

“A expansão do vírus começou em 2004, quando estava no interior da África e foi parar no litoral do Quênia. De 2004 para cá, houve uma expansão progressiva pela costa leste da África, pelas ilhas do Oceano Índico e países do sul e sudeste da Ásia. Em dezembro do ano passado, chegou às ilhas Martinica e Guadalupe e acabou se espalhando pelo Caribe”, diz Ujvari. “Isso mostra nitidamente que é um vírus que está se espalhando pela locomoção humana.”

Ele lembra que na época de férias há uma movimentação maior de pessoas, inclusive para as ilhas do Caribe, onde há grande disseminação do vírus. “Vai haver um fluxo de pessoas que podem trazer o vírus. Se houver chuvas, que levam a um maior número de mosquitos, tem uma chance muito grande de o chikungunya eclodir como uma epidemia no próximo verão.”

Tendência da dengue

No ano passado, o país registrou um número muito alto de casos de dengue: 1.452.489 pessoas foram infectadas. Este ano, até 11 de outubro, foram 547.612 casos, o que representa uma tendência de diminuição de infecções. Para Alves, medidas locais como o controle dos criadouros de mosquitos e o uso de mosquitos geneticamente modificados para controlar os vetores da doença podem surtir efeito no próximo verão.

Além disso, quando há um número muito grande de infectados em um ano, no ano seguinte, o número de casos tende a ser menor, pois já há mais pessoas imunes aos subtipos de vírus que circularam no período anterior.

Epidemias simultâneas

Nos últimos 10 anos, já houve ocorrências de epidemias simultâneas de chikungunya e dengue no
mundo, segundo Ujvari. Foi o que aconteceu no Gabão, em 2007: o chikungunya chegou ao país no meio de uma epidemia de dengue.

Nesses casos, como os sintomas iniciais são parecidos, como febre, dor de cabeça e dor muscular, pode haver dificuldade de diferenciar os dois. Como nenhuma das duas doenças tem tratamentos específicos – a estratégia limita-se a tratar os sintomas – Ujvari afirma que o melhor, quando há dúvida sobre o diagnóstico, é conduzir como se fosse um caso de dengue.

Apesar de provocarem sintomas parecidos, tratam-se de vírus totalmente distintos. Quem já pegou dengue, portanto, não está imune ao chikungunya. O fato de já ter tido dengue também não determina que uma infecção por chikungunya seja mais grave.





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