23 janeiro 2016 - 08h59Por Fonte: dahorabataguassu
O desembargador Carlos Eduardo Contar determinou a soltura dos três policiais acusados de agredir um adolescente durante uma abordagem. A decisão, em caráter liminar, foi tomada durante a tarde desta sexta-feira (22) atendendo aos pedidos feitos pelos advogados dos militares Larissa Melgarejo Zapatta, Ivanderson Zanardi Aguirre e Ivan Luiz da Silva.
Conforme alegação da defesa, a prisão “mostra-se exagerada e desproporcional”, já que ela foi baseada nos relatos da vítima, não tendo os suspeitos o direito do contraditório e ampla defesa.
Ademilson da Silva Oliveira, que representa Silva, afirma que sequer foi realizado exame corpo de delito no garoto. “Por isso não há prova do crime, só alegação do menino”, pontua. Já os advogados de Larissa afirmam que ela está sofrendo constrangimento ilegal por parte do juiz da auditoria militar, que determinou a detenção do trio.
Contar levou em consideração que a pena para o crime de lesão corporal, o qual os policiais estão sendo acusados, tem pena prevista de três meses a um ano, de modo que a situação por si já não exige a prisão, já que a pena, em caso de condenação, tende a ser mais branda.
Assim, o desembargador determinou que os militares exerçam atividades administrativas na corporação até o desfecho do caso. Além disso, eles terão que comparecer mensalmente em juízo, não podem sair de Campo Grande e estão proibidos de manter contato direto ou indireto com a vítima e os parentes dela.
O caso
Segundo a versão dos policiais dada à Justiça, eles estavam procurando o adolescente que estava numa moto e desobedeceu a ordem de parada. Depois eles não o encontraram mais. Os militares disseram que “é uma surpresa a denúncia de que eles maltrataram o jovem”.
Já o adolescente disse, também ao juiz, que depois da perseguição, desceu da moto e estava a pé, quando quatro policiais o encontraram, o levaram para uma casa abandonada e três deles teriam o agredido com socos, chutes, tapas e enforcamentos para que dissesse onde mora o motociclista que fugiu. Ele deu seu próprio endereço e, ao chegar na sua casa, pediu socorro aos pais.
Alegou ainda que neste momento o camburão saiu com ele e seus pais, sem seguida, seguiram o veículo. Depois, ainda segundo o menor, os policiais deixaram-no a pé num local distante.
No período da manhã, vários policiais estiveram em frente ao Fórum, onde acontecia a audiência, em forma de manifestação contra as prisões. A tarde, cerca de 30 deles também fizeram uma espécie de vigília na expectativa da liberação dos PMs. Enquanto isso representantes da ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar) foram ao TJ (Tribunal de Justiça), onde tentaram reverter as prisões preventivas.