Marinha promove fórum sobre sustentabilidade do transporte no Rio Paraguai
19 novembro 2015 - 15h22Por Fonte: diarionline
A Marinha do Brasil, através do 6º Distrito Naval em parceria com a Sociedade Amigos da Marinha (Soamar), realiza de 25 a 27 de novembro o fórum “Rumos da Hidrovia: Ações para o desenvolvimento sustentável do transporte no Rio Paraguai”. O evento acontece no Hotel Nacional e será aberto às 19h da próxima quarta-feira (25). O objetivo é fomentar o debate construtivo sobre os desafios e as perspectivas para o desenvolvimento sustentável do transporte hidroviário na calha do Rio Paraguai.
O público-alvo são pessoas de setores privados e governamentais envolvidas de alguma forma com o assunto abordado, dentre eles acadêmicos, organizações não-governamentais, empresas da região e profissionais diretamente envolvidos com instituições que realizarão palestras durante o fórum. Todos os participantes receberam convite da Marinha do Brasil, que espera receber ao menos 150 pessoas.
O evento será dividido em dois blocos de palestras, sendo um governamental e outro privado, de modo a garantir um ambiente imparcial para apresentação de proposições. Para o 6º Distrito Naval, o evento responde às preocupações e anseios de grande número de entidades públicas e privadas e lança reflexão sobre importante matéria que beneficiará a população pantaneira.
Na noite de abertura, será lançado o projeto “Cabeceiras”. No dia 26, haverá palestras pela manhã por parte do setor privado e à tarde por parte do setor governamental. Na sexta-feira (27), o fórum se encerra com mesa redonda, apresentação do documento final e coquetel.
Das 08h30 ao meio-dia da quinta-feira (26), haverá palestras proferidas pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (FAMATO), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul (FAMASUL), Comisión Permanente de Transporte de la Cuenca del Plata (CPTCP) e Federação Nacional dos Trabalhadores no Transporte Aquaviário (FNTTAA).
À tarde, a partir das 14h, através do setor governamental, as palestras serão ministradas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e pela Marinha do Brasil (MB).
O contra-almirante Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, comandante do 6º Distrito Naval, acredita na importância do debate para preservação e desenvolvimento local. “Acho que todas as pessoas do mundo, especialmente os brasileiros, devem se preocupar com o meio ambiente em que nós vivemos. Esse debate ambiental é muito forte e muito importante e nós temos que pensar nas nossas gerações futuras. É assim que nós pensamos e é por isso que nós procuramos preservar e respeitar o meio ambiente, naturalmente com o desenvolvimento econômico e social que é importante para a raça humana”, afirmou.
O comandante lembrou que a Marinha do Brasil, por legislação nacional, é responsável não só pela segurança das pessoas no tráfego aquaviário, mas também das embarcações e da poluição hídrica. Ele afirmou ao Diário Corumbaense que se houver o desenvolvimento realmente apontado para o Rio Paraguai, em termos de transporte, nesse tipo de debate, a instituição deverá se debruçar ainda mais nessa parte da segurança, da hidrografia, da parte da sinalização náutica, da prevenção contra poluição hídrica e da preparação das pessoas que trabalham no rio efetivamente. “Nós vamos ter que estudar mais um pouco e prover maiores meios, dependendo do desenvolvimento que se conquiste na região”, afirmou o contra-almirante Petrônio Siqueira.Fórum discutirá transporte hidroviário com base nos setores econômico, social e ambiental
O desenvolvimento sustentável do transporte hidroviário na calha do Rio Paraguai será discutido durante o fórum abrangendo três áreas importantes da sociedade: econômica, social e ambiental. Para o contra-almirante Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, comandante do 6º Distrito Naval, não há dúvida que existe um interesse muito grande por parte do empresariado do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, principalmente aqueles ligados à produção de grãos, com relação ao transporte hidroviário. Há também parte do empresariado ligada às barcaças e aos empurradores que trafegam pelo Rio Paraguai que está interessada nesse assunto.
“Hoje, em termos econômicos, a gente pode perceber que o transporte no rio está preso ao minério e um pouco de açúcar, porque agora em Porto Murtinho começa a sair açúcar daquela cidade. De modo que, num país como o Brasil, que é um grande produtor de grãos e que nossa economia nacional depende muito dessa exportação, existe realmente o interesse e a possibilidade de que o Rio Paraguai seja mais efetivamente empregado nesse transporte”, afirmou o contra-almirante enfatizando a economia do transporte hidroviário se comparado ao transporte terrestre e ferroviário. De acordo com ele, os governos estaduais e as federações das indústrias parecem ter muito interesse nisso.
No âmbito social, o aprimoramento do uso sustentável do transporte no rio deverá gerar mais emprego e renda para todos da região.“Quando falo em região, falo da região desde a cidade de Cáceres até Porto Murtinho. A parte social é muito importante porque a gente pode imaginar facilmente que haverá muita disponibilidade de trabalho, hoje restrita a umas poucas commodities, como estou falando, tem minério e açúcar. Um número potencial de commodities adicionais poderia ser transportado pelo Rio Paraguai, sendo as mais promissoras de soja, farelo de soja e milho”, explicou o comandante Petrônio Siqueira.
Além de debater o assunto nas áreas econômica e social, o transporte hidroviário pelo Rio Paraguai também abrangerá o setor ambiental. “Quando comparamos o transporte hidroviário com outros tipos de transportes normalmente empregados aqui no país, o hidroviário é muito mais economicamente ambiental, ou seja, respeita muito mais o meio ambiente porque produz muito menos monóxido de carbono do que quando você compara isso com transporte à base de caminhão ou mesmo de trem”, afirmou o contra-almirante Petrônio Siqueira.
Para o comandante do 6º Distrito Naval, hoje em dia, não há como raciocinar qualquer desenvolvimento econômico sem proteção ambiental. No caso do rio, não há como falar em transporte hidroviário sem respeitar as nascentes. Com relação a este setor, será lançado no primeiro dia do fórum o projeto “Cabeceiras do Pantanal”, que visa a proteção ambiental das nascentes de todos os rios e é iniciativa do Instituto do Homem Pantaneiro e de uma rede de televisão.