Uma nova informação no caso do desaparecimento do piloto Reverson Luis Bonan, de 38 anos, mudou todo o rumo do inquérito policial, conforme informou nesta quarta-feira (27) o delegado Jarley Inácio de Souza. Assim que a polícia estranhou a demora do proprietário da aeronave Baron 55, em registrar a ocorrência do sumiço do monomotor, a investigação passou a ser de responsabilidade da Polícia Federal.
"Nós entrevistamos muitas pessoas neste caso, entre elas pilotos que conviviam com a vítima, familiares e outros. No entanto, a investigação chegou até o proprietário da aeronave e nós o questionamos sobre a demora em registrar formalmente este fato, já que se tratava de um veículo de cerca de R$ 1 milhão. Foi aí que a competência passou a ser da Polícia Federal", comentou o delegado.
Na semana anterior, o dono da aeronave compareceu à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro e fez o boletim de ocorrência. Ele também prestou depoimento na Delegacia Especializada em Repressão à Homicídios (DEH).
"Todos estes fatos reforçam um possível aliciamento da vítima para o tráfico de drogas, sequestros e também um provável roubo da aeronave e, em consequência deste fato, sumiço da vítima", explicou o delegado.
Último contato
Interceptações telefônicas apontam que a vítima não desapareceu no dia 13 de dezembro, quando atuava em Ponta Porã, mas sim seis dias depois. "As investigações iniciais davam conta de que ele estava em Mato Grosso do Sul, porém verificamos que ele fez uma ligação no dia 19 de dezembro, estando em Cuiabá (MT)", afirmou recentemente ao G1 o delegado Jarley..
Reverson atuava como free lancer tanto em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, como em São Paulo, Paraná e o Rio Grande do Sul. Além disso, o delegado diz que a polícia também analisa a possibilidade dele ter alguma inimizade fora da profissão. "A família recebeu algumas denúncias e inclusive fatos com intenção de despistar a nossa investigação. Mas já temos bastante informações e estamos tentando verificando até a hipótese dele estar em território estrangeiro", disse.
####Entenda o caso
O piloto está desaparecido desde o dia 13 de dezembro deste ano, conforme a Polícia Civil. O último plano de voo dele ocorreu em Ponta Porã. Entre outras medidas, a polícia também busca o rastreamento do aparelho celular da vítima. A esposa do piloto, a produtora de eventos Adriana Cristina da Silva, de 35 anos, comentou que conversava com o esposa, pelo WhatsApp, no dia do sumiço.
"Ele fez seis voos em Ponta Porã e depois não deixou vestígio. Naquele dia, estávamos conversando há mais de uma hora, quando ele disse que tinha ferido a costela. Eu não entendi muito bem aquilo, mas orientei ele a buscar socorro. Depois, não houve mais contato", explicou Silva.
Casados há três anos e com um filho de pouco mais de um ano, Cristina diz que os parentes estão apreensivos. O último contato ocorreu às 22h13 (de MS) naquele dia, quando o piloto enviou uma mensagem de texto pelo celular, dizendo que estava bem, porém o local não havia internet e isto estava dificultando o contato.
"O pai dele fica entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso buscando notícias. E o nosso filho não para de chamar pelo pai. Meu desespero maior é esse, pois a criança sentindo falta. Meu esposo também dizia estar com muitas saudades, sendo que dia 20 ele já estaria de folga", lamentou.