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‘Dever de educar o filho é da família’, diz Promotor

‘Dever de educar o filho é da família’, diz Promotor

28 maio 2012 - 16h40
Douradosagora


O promotor de justiça, Paulo Roberto Gonçalves Ishikawa, que idealizou e colocou em prática em Dourados, a ação social denominada “Promotoria Comunitária – MP mais perto de você”, é o entrevistado desta segunda-feira.

A comunidade dos bairros Parque das Nações I e II Escola Estadual Presidente Tancredo Neves e Escola Weimar Torres (Jardim Clímax) foram atendidas com as ações do projeto Ministério Público, que ofereceram diversos serviços, como atendimento dos Promotores de Justiça, Serviço Social, Assistência Jurídica, Saúde, Procon, Guarda Municipal, Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros. As quatro universidades de Dourados (Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD; Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS; Universidade da Grande Dourados - Unigran e Anhanguera) participaram ativamente da ação com seus acadêmicos, proporcionando principalmente atendimento à saúde, vacinação, orientações a crianças e adolescentes, idosos, exames de glicemia, serviço social e outros.

Paulo Ishikawa explica que o projeto tem por objetivo aproximar o Ministério Público da comunidade, criando-se uma ponte entre a Promotoria de Justiça e a população. A ação social, na verdade, teve início com uma série de palestras. O promotor Ishikawa revela ter constatado que as escolas citadas são carentes da participação da família no ambiente escolar. “A família, de forma equivocada está tentando passar para a escola a responsabilidade de educar o filho, quando a escola tem a obrigação de passar instrução para que estes alunos possam futuramente ter uma profissão, ter um trabalho. Paulo Ishikawa é titular da 2a Promotoria de Justiça de Dourados. Confira a entrevista:

O Projeto Promotoria Comunitária Superou as expectativas?

“Sempre a gente planeja, a gente faz as reuniões para que a gente possa chegar a uma conclusão satisfatória, para um projeto que a gente está elaborando. A expectativa, claro, que foi das melhores possíveis, a gente conseguiu atender um público em geral, cada ação que a gente realiza tem a sua peculiaridade, tem a sua natureza, acredito que estamos cada vez melhorando mais, aprimorando mais e eu acho que tudo isso é devido ao bom contato que nós temos com todos os órgãos que estão participando do nosso projeto”

A Promotoria encontrou empenho na participação dos parceiros?

“Sim. O empenho é que nos leva a dar continuidade ao nosso trabalho. Temos também a participação de outros colegas promotores que nos dão apoio em tudo, então, a gente observa que se os órgãos não estiverem unidos, na busca de um objetivo comum, a gente não vai conseguir alcançar aquilo que a gente espera, então a contribuição está sendo cada vez mais efetiva e isso nos fortalece para darmos continuidade a este projeto”

Além de aproximar o Ministério Público do Cidadão quais outros pontos principais do projeto?

“Um dos pontos principais da Promotoria Comunitária é a informação, a divulgação da Promotoria para a comunidade, tanto é que um dos focos das palestras é mostrar qual o papel das promotorias de justiça, qual o papel dos promotores de justiça, porque só assim com a divulgação dos trabalhos dos promotores é que a população vai saber em que nós poderemos ajuda-lo. Então, esse trabalho de informação é muito importante porque estabelece um estreitamento do vinculo entre o promotor de justiça, entre a Promotoria e a população, isso faz com que a gente tenha um acesso melhor aos bairros e com a divulgação dos trabalhos as pessoas tem maior facilidade também de se deslocar até a Promotoria para levar a sua consulta, o seu problema, a sua reclamação e quem sabe a gente possa ajudar de alguma forma”

Como foi a experiência de ter tido este contato direto com a população?

“O maior mérito que nós temos é o contato corpo a corpo com a população. A população, pelo menos a principio, não vem a Promotoria Comunitária conversar com o promotor para fazer grandes reclamações ou grandes problemas, mas tem o contato próximo e sabe que o promotor está dentro da escola, dentro do bairro, olhando nos olhos, conversando e isso dá uma segurança, dá maior confiança e é esta a semente que nós queremos plantar, é isso que a gente está conseguindo alcançar com este projeto”

Este distanciamento entre o MP e a população continua existindo?

“Existe e este distanciamento é que o Ministério Público brasileiro está tentando diminuir, tentar mudar essa imagem, essa frieza deste distanciamento, tentar aproximar porque o Ministério Público só vai conseguir cumprir o seu papel se conseguir realmente conhecer os problemas que ocorrem fora do gabinete”

Qual o resumo que o senhor pode fazer com relação a este evento?

“A gente realizou primeiro uma ação experimental no Parque das Nações I e II no ano passado, tivemos algumas reuniões e a gente atuou com as escolas por acreditar que a ação preventiva junto aos alunos que seria algo mais eficaz preventivamente. O que nós constatamos na área um que realizamos agora foi a necessidade de trabalharmos os pais dos alunos, os pais que tem crianças e adolescentes em se tratando da educação. Então, a gente conversou com eles para mostrar a responsabilidade que os pais tem na educação dos filhos em casa. Essa foi a prioridade que a gente verificou na área I e foi o tema das palestras. Mostrar que sem a participação dos pais a gente não vai conseguir ter futuros cidadãos que possam cumprir o seu papel, que possa observar a lei, que possa ser solidário com o próximo, que possa respeitar o próximo, respeitar a autoridade dos pais, dos professores e é isso que a gente desenvolveu nessa área I. Acredito que o trabalho com a família nessa área I”.

O que o senhor constatou sobre a família na escola?

“A família, de forma equivocada, está tentando passar para a escola a responsabilidade de educar o filho, quando a escola tem a obrigação de passar instrução para que estes alunos possam futuramente ter uma profissão, ter um trabalho, mas aquela educação da qual estamos tratando aqui é a educação familiar, a educação baseada no amor, no respeito, isso só se consegue com a família. É o contato do pai, com a mãe, do filho, perguntar para o filho como ele está na escola, perguntar quais são os amigos que o filho tem, o que ele está fazendo, então, essas noções a gente só consegue dentro de casa e sem essa participação a educação fica incompleta e acaba sobrecarregando o sistema escolar com algo que deveria estar sendo passado para os filhos em casa, este foi o nosso objetivo e é o nosso objetivo”

Independente da Ação Comunitária a Promotoria está sempre a disposição do Cidadão?

“A Promotoria está de portas abertas para receber o cidadão a qualquer momento, tratar de qualquer tipo de problema, se não for atribuição das promotorias de justiça lhe será dado o devido encaminhamento, a gente faz esse atendimento nos bairros para que haja principalmente a divulgação, até mesmo da localização do prédio das promotorias e quais as atribuições as promotorias tem no atendimento. Então, o cidadão pode ter esse atendimento com o projeto no bairro e sempre que ele quiser pode procurar a Promotoria na nossa sede que ele será também atendido”

O que mais incentiva o promotor Ishikawa a proesseguir com este projeto?

“O que fortalece e que torna possível todo esse projeto é a união dos órgãos em busca do objetivo comum. Temos parceiros nas universidades, vários órgãos públicos, que sem eles e sem a colaboração dos demais colegas promotores, nada disso seria possível”

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