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Famasul lamenta morte de produtora que teve terra invadida por indígenas

Famasul lamenta morte de produtora que teve terra invadida por indígenas

09 janeiro 2013 - 18h10
Divulgação (TP)

A Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul) lamenta a morte da produtora rural de 85 anos, Justina Correa Ribeiro, ocorrida no dia 31 de dezembro, em Dois Irmãos do Buriti. Dona Justina apresentava doenças cardíacas e morreu tentando reaver a propriedade de 300 hectares herdada do pai e invadida ainda em 2003.


Em entrevista concedida à Famasul na segunda quinzena de dezembro a produtora demonstrou a justa indignação com a invasão. “Eu que pensava que na velhice teria sossego e acabei vivendo de favores”, lamentou. Os indígenas não permitiram sequer que a produtora retirasse os móveis de sua propriedade.



Dona Justina representa os produtores rurais que tem suas terras invadidas em Mato Grosso do Sul: homens e mulheres do campo, proprietários legítimos despojados de sua propriedade e dignidade. Dona Justina é vítima de uma condição gerada a partir da visão distorcida que quer corrigir a uma injustiça histórica com outra injustiça. E então fica a pergunta: até quando e até onde?

Produtora de MS tem propriedade invadida desde 2003



A produtora rural Justina Correa Ribeiro, 85 anos, não pode dispor da propriedade de 300 hectares que herdou do pai no município de Dois Irmãos do Buriti. Não vendeu, doou ou fez qualquer tipo de negócio transferindo a área, mas já não pode cultivar milho, arroz, feijão e criar gado, junto com o esposo e os filhos, porque a propriedade está invadida por índios terenas desde 2003.



“A invasão foi de repente. Chegaram (os índios) em cinco ônibus lotados e não me deixaram tirar nada da minha casa”, afirmou Justina, a quem foi permitido retirar da sua propriedade apenas 30 cabeças de gado, comercializadas por R$ 12,00 cada devido as necessidades financeiras de sua família. Para se ter uma idéia, a arroba (quinze quilos) do boi vale em torno de R$ 90 atualmente em MS.



A surpresa maior, conta Justina, foi devido ao histórico de convivência com os indígenas até então. “O mesmo índio que antes era meu amigo, hoje mora na minha casa. Eu que pensava que na velhice teria sossego, acabei vivendo de favores”, lamenta a produtora. Despejada, chegou a morar em uma barraca de lona à beira da estrada.



Além da Justina Ribeiro, outros seis produtores tiveram suas terras invadidas em Dois Irmãos do Buriti no mesmo período. A intenção dos índios naquela região é ampliar a aldeia Buriti de 2.090 hectares para 17 mil hectares, o que contraria diretriz fixada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), elaborada a partir do caso Raposa Serra do Sol, vedando a ampliação de terras indígenas já demarcadas. Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), atualmente são 53 as propriedades invadidas no Estado.



“Queria retirar nossa mudança de lá, mas já recebi ameaças de que me fariam refém. Sinto falta de tudo o que tinha, era pouco, mas era meu”, lamenta Justina que recebe doações de uma família de Campo Grande e ajuda de alguns produtores rurais da região.



Com problemas de saúde relacionados ao coração, Justina e o marido tem as despesas de alimentação, remédios e outras bancadas pela aposentadoria obtida há pouco tempo. “Os índios eram meus amigos, não são mais. Já beberam leite que tirei da minha vaca e ainda assim me deixaram sem casa”, lamenta a produtora rural.



O advogado Júlio Cesar Rodrigues entrou com pedido de reintegração de posse. Segundo ele, a demarcação da terra indígena na cidade de Dois Irmãos do Buriti foi registrada em decreto estadual, por volta da década de 50, e a legislação brasileira proíbe ampliação de aldeias. Lembra ainda que a Justiça Federal de Campo Grande já reconheceu a área como propriedade privada. O caso está em andamento no Tribunal Regional Federal (TRF), 3ª região.

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