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PIONEIRA

Artesã transexual faz a primeira carteira do artesão de MS constando nome social

A opção para inclusão do nome social foi incluída na ficha cadastral do novo Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro

22 março 2018 - 14h05Por Da Redação

A artesã transexual Karina Bombom fez, na manhã desta quinta-feira (22), na Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de MS (FCMS), a primeira Carteira do Artesão de Mato Grosso do Sul em que consta o nome social. Este benefício está sendo oferecido desde o fim de janeiro deste ano pela FCMS.

A opção para inclusão do nome social foi incluída na ficha cadastral do novo Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), tornando possível o cadastro.

Para Karina, a inclusão do nome social na sua carteira profissional como artesã é muito importante, porque permite que ela seja reconhecida como mulher. “Eu sempre fui chamada de Karina e você mostrar um documento com outro nome é estranho. Com essa carteira sou artesã profissional e vou produzir mais para vender. Pretendo também participar de feiras. Servirá de incentivo para outras amigas, quem sabe a gente não faz uma feira de artesanato só de transexuais”.

Karina começou a fazer crochê com 17 anos, em Corumbá, ensinada por uma menina que morava na casa em que trabalhava. Depois aprendeu tricô, pintura em tecido, bordado em ponto cruz e sabonetes por meio de cursos. “Quando eu morava em Corumbá, teve uma época em que eu vivia de crochê”. Hoje, aos 49 anos, ela é microempreendedora, proprietária de uma pensão para transexuais, e agora também artesã e trabalhadora manual profissional.

O secretário de Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, estava presente por ocasião da emissão da Carteira do Artesão para a Karina, e afirmou ser importante a inclusão do nome social no documento, pois trata-se de uma inclusão social, profissional e contra o preconceito. “É uma conquista, uma referência para o Brasil, pois obedece ao princípio fundamental da democracia, que é o respeito. É uma forma de inclusão econômica, quando o mercado não reconhece e as pessoas não aceitam. Hoje ela tem sua dignidade preservada. Esta carteira está sendo emitida na Semana do Artesão, na Semana de São José, que é o padroeiro dos artesãos. Karina hoje se junta à importante turma de fazedores de cultura”.

O subsecretário de Políticas Públicas LGBT da Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania, Frank Rossate, explica que a pessoa trans não tem acesso ao mercado de trabalho por causa do preconceito, aí ela vai para a informalidade. Também não consegue terminar o ensino médio por causa do preconceito, o que dificulta a entrada no mercado formal por se apresentar como mulher, não graduada e pessoa trans. A inclusão do nome social na Carteira do Artesão confere dignidade porque a pessoa trans pode ter um trabalho, mesmo que seja autônomo, ela pode comprovar que ela trabalha e pode obter com isso outros benefícios, como a aposentadoria, por exemplo”.

Para a gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da FCMS, Katienka Klain, este é mais um direito que o artesão tem. “Estamos respeitando, dando o direito ao artesão, que comprova a profissão, a inclusão do seu nome social na Carteira do Artesão, para ser reconhecido no documento como artesão com seu nome social”.

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