O norte-americano Victor Arden Barnard, de 53 anos, preso na penitenciária federal de Campo Grande, está internado no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul sob escolta policial, segundo informou ao portal G1 a Secretaria Estadual de Saúde, nesta quarta-feira, dia 18 de novembro. Ele está no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
O estrangeiro é líder de uma seita religiosa nos Estados Unidos e responde a 59 acusações de abusos sexuais contra crianças e adolescentes, crimes que teriam ocorrido entre os anos de 2000 e 2012.
Ele está preso na capital de Mato Grosso do Sul desde junho, quando foi transferido do presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte (RN). Barnard foi preso no dia 27 de fevereiro, na praia da Pipa, litoral sul do Rio Grande do Norte. Não há informações oficiais sobre a data da internação e o motivo.
Na época da prisão, o delegado Paulo Henrique Oliveira, superintendente em exercício da PF no Rio Gande do Norte informou que o norte-americano entrou de forma legal no Brasil em 2012, só sendo considerado procurado internacionalmente a partir de abril de 2014, quando condenado.
A prisão
A prisão de Barnard aconteceu depois que a Polícia Federal percebeu que havia uma rota de viagem dos EUA para o Rio Grande do Norte, especialmente de pessoas que alegavam estar no Brasil para fazer turismo na praia da Pipa. Quando foi preso, já era considerado clandestino porque estava com o visto vencido. Antes disso, ele chegou a renovar o visto.
O estrangeiro foi encontrado por volta das 21h em uma casa dentro de um condomínio na praia da Pipa, que fica no município de Tibau do Sul. Escrituras, documentos, agendas, computadores, pendrives, aparelhos e chips celulares foram apreendidos e levados para a sede da Polícia Federal.
Repercussão
Na época, a prisão de Barnard repercutiu em alguns dos mais conceituados veículos de comunicação dos Estados Unidos. A versão on line do News York Times ressaltou que Barnard, preso na superintendência da Polícia Federal, em Natal, aguarda a extradição para enfrentar as acusações nos EUA. O mesmo foi publicado na página do Whashington Post. Ambos também trazem uma declaração dada ao Minneapolis Star Tribune por uma das seguidoras do acusado. "Ele arruinou mais vidas. Esse homem é o diabo encarnado", disse Cindi Currie.
'Jesus na carne'
De acordo com a imprensa americana, Victor Barnard começou a ser investigado em 2012 no estado americano de Minnesota, quando duas de suas seguidoras resolveram denunciá-lo. Uma delas alegou que vinha sofrendo abusos sexuais desde os 12 anos. Outra, desde os 13 anos, quando ela e a família se juntaram a uma igreja chamada 'River Road Fellowship'. Autoridades disseram que a congregação é um desdobramento do 'The Way International', grupo que se autodenomina cristão.
Em julho de 2000, Barnard criou um grupo de jovens meninas chamado de "Maidens" ou "Alamote", segundo a denúncia. O grupo, que tinha 50 membros, pregava que as meninas deveriam permanecer virgens e nunca se casar.
Na época, ainda de acordo com a denúncia, Barnard pregava que ele próprio representava “Jesus na carne”, e que para ele era normal fazer sexo com suas seguidoras, uma vez que “Cristo tinha tido relações com Maria Madalena e outras mulheres que o seguiam, assim como o rei Salomão havia dormido com muitas concubinas”.
Em 2011, o grupo liderado por Barnard se mudou de Minessota para o estado de Washington. Em novembro de 2012, após ser condenado, a polícia foi atrás de Barnard, mas ele não foi localizado.