Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Mato Grosso do Sul registrou 58 estupros de 1º de setembro até esta quinta-feira (15). Nos últimos nove meses foram 1.193 ocorrências do tipo no estado.
Conforme dados de estatísticas da Sejusp, o mês de julho foi o que mais teve registros. Foram 166 vítimas em apenas 31 dias. O segundo mês com mais casos foi janeiro, quando 164 pessoas foram violentadas.
Em entrevista à TV Morena, a psicóloga da Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande, Márcia Paulino, explicou que os números mostram que a mulher ainda é desrespeitada.
“Os números refletem que a sociedade continua sendo muito violenta com as mulheres e continuam as colocando em um espaço de subalternidade. Outro ponto importante que esses números mostram é que as mulheres se sentem mais encorajadas a denunciar os casos de violência”, esclareceu.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Campo Grande é a capital com a maior taxa de estupro no país, com 80,2 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2021, 735 ocorrências foram registradas na cidade. A maioria das vítima eram crianças e adolescentes do sexo feminino.
A delegada da Polícia Civil, Anne Trevizan, reitera que o crime de estupro é considerado um dos mais cruéis para as mulheres, pois afeta a saúde mental, saúde física e a autoestima. “Hoje crianças e adolescentes tem consciência do que é o abuso sexual e começaram a perder o medo de contar a um familiar e amigos para denunciar, o que acaba sendo trazido para a polícia para registrar a ocorrência”.
A violência sexual deixa marcas físicas e psicológicas nas vítimas. Um dos últimos casos registrados em Campo Grande aconteceu no dia 9 de setembro, quando uma menina, de 12 anos, foi estuprada durante a madrugada após ter sido deixada pelo pai em uma "boca de fumo", no bairro Lajeado.
Conforme o depoimento da menina, o pai a deixou na boca de fumo e foi embora sem a filha. Depois de horas, o homem teria voltado para buscar mais drogas, foi quando a vítima implorou para ir embora.
Após o crime sexual, a guarda provisória da menina passou a ser de uma vizinha. A Vara de Infância e Adolescência proibiu o pai e a madrasta de chegarem perto da menina.