O ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o empresário João Amorim aparecem no relatório da operação Coffee Break, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), como investigados. O documento foi apresentado na última sexta-feira (4).
A produção da TV Morena não conseguiu contato com a defesa do ex-governador e do empresário.
O relatório tem 270 páginas e está em análise na Procuradoria-Geral de Justiça do Estado que vai definir se envia a denúncia para a Justiça. Conforme as investigações, ficaram evidente as articulações que foram feitas para afastar o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), em março de 2014.
Puccinelli pode responder por associação criminosa ao lado de Amorim. O Gaeco aponta que o grupo pretendia "restabelecer a estrutura de poder política e econômica da capital" que supostamente foi prejudicada com a vitória de Bernal nas eleições.
A Procuradoria deve definir sobre a denúncia em janeiro de 2016 e ainda pode desconsiderar alguns itens do relatório. Depois da denúncia cabe à Justiça aceitar ou não.
Investigações
As investigações da operação Coffee Break começaram no dia 31 de julho. A operação foi deflagrada em 25 de agosto, quando nove vereadores foram conduzidos para prestar depoimento no Gaeco, além de afastar dos cargos o então prefeito Gilmar Olarte (PP) e o presidente da Câmara Municipal, Mario Cesar Fonseca (PMDB).
Promotores analisaram o período do segundo semestre de 2013 até depois de 12 de março de 2014, quando
Bernal teve o mandato cassado. “Está claro que houve de fato uma associação de pessoas, que por interesses empresariais e políticos, orquestraram um plano para, por meio de oferecimento de vantagens, obter votos para a cassação do prefeito Alcides Bernal”, explicou o coordenador do Gaeco.
Três pessoas, que serão indiciadas por corrupção ativa, atuaram para angariar votos para a cassação, realizando reuniões e oferecendo vantagens. Houve inclusive compra de apoio para afastar Bernal. “Percebemos que os valores são variáveis. Agora percebemos casos que a movimentação desses valores tão muito maiores que em outros casos”.
Todas essas pessoas movimentaram duas a três vezes dos ganhos anuais. “Para citar apenas um exemplo, um vereador declarou ter recebido R$ 393 mil no ano de 2013 e movimentou em suas contas R$ 4,3 milhões”, ressaltou Oliveira.
Cinco pessoas foram identificadas como articuladoras do esquema. “Temos cinco figuras principais, ligadas à área empresarial e da área política, que efetivamente desenvolveram uma postura mais ativa”, disse o promotor.