Assistir a filmes de inteligência artificial pode ser momentos de passatempo para alguns, mas para um professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), serviu como inspiração. Coordenado por Rubens Barbosa Filho, um grupo de pesquisadores da UEMS tem desenvolvido sistemas como de reconhecimento por voz, identificação de sites que podem estar monitorando os computadores e identificação de vírus. E tudo isto pode ajudar o Exército Brasileiro.
A Universidade firmou uma parceria com o Exército que envolve programas de estágio, pesquisa, ministração cursos via Educação a Distância e capacitação para na área de informática para militares. O contato foi estabelecido com a proposta de pesquisar tecnologias que atendam às necessidades do Exército, principalmente no contexto do Sistema de Integração de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).
Segundo o coordenador, líder do Grupo de Pesquisa em Computação Aplicada (GPCA) da UEMS, o grupo ainda não formalizou acordo com o Exército para a produção de pesquisas exclusivas, aquelas que requerem sigilo, no entanto já há avanço com a proposta de várias ideias que podem auxiliar na atuação militar.
Exemplo é a criação de um sistema para reconhecimento de voz, inspirado no filme “Homem de Ferro”, segundo o professor Barbosa Filho. “Com este sistema consegue-se analisar tudo a respeito de voz. Eu gravo uma voz e a coloco em um banco de dados, então é como se a voz fosse uma assinatura digital. Para uso do exército pode ser usado, por exemplo, para entrar em uma sala, ao invés de utilizar uma chave, usa-se o reconhecimento de voz. Se a voz não estiver cadastrada a pessoa não vai conseguir entrar. É igual aos filmes, hoje a gente já consegue fazer esta brincadeira”, conta.
O sistema ainda consegue saber a força da emissão da voz, reconhecer cada voz individualmente e fazer cruzamento de informações sobre as vozes cadastradas em um banco de dados. O próximo passo, segundo o pesquisador, é a criação de um dispositivo para a captação e verificação da voz em locais estratégicos.
Os demais programas criados têm foco na segurança tanto de computadores como de informações de sistemas e redes.
“Quando entramos em um site, existem vários outros sites nos monitorando, pegando informações sobre o que pesquisamos, escrevemos, etc, com isto, por exemplo, o Google consegue saber vários de nossos interesses. Então criamos um programa que identifica quais sites estão monitorando o computador, pois eles podem pegar as informações que conseguem de mim e fazer coisas boas e ruins. Com este programa é possível saber onde estão estas pessoas que estão me monitorando e, o mais importante, é possível bloqueá-las para que elas não recebam mais informações da minha máquina”, explicou.
Também vem sendo desenvolvido um programa que analisa vírus maliciosos, para saber o que tem dentro de cada um deles e o que eles fazem. Com isto é possível se defender ou alertar a polícia sobre os ataques. “Existem vírus que, se instalados no computador, podem capturar tudo o que o usuário faz, com isto pode conseguir senhas, tirar foto pelo webcam sem a pessoa saber, dentre muitas outras coisas”, disse Barbosa Filho.
UEMS e Brigada Guaicurus
O projeto de utilização das pesquisas da UEMS no Sisfron ainda está em fase de estudos, contudo a capacitação dos militares da Brigada Guaicurus de Dourados já está acontecendo e capacitou 160 militares com as aulas de informática básica.
De acordo com a coordenadora do projeto, Gláucia Gabriel Sass, foram oferecidos aos militares módulos sobre o sistema operacional Linux, o navegador de internet Firefox e os recursos do Libre Office – editor de texto e planilha eletrônica. O curso iniciou-se em 26 de outubro e encerra no próximo dia 04 de dezembro.
Sisfron
O Sisfron entrou em funcionamento em novembro do ano passado em Dourados, cidade que recebe o piloto do projeto que visa monitorar toda a área de fronteira do país - 16 mil quilômetros - num investimento total previsto de R$ 12 bilhões, com previsão de implantação até 2017. No Mato Grosso do Sul, os recursos consumidos foram de aproximadamente R$ 900 milhões, operando em 600 quilômetros da fronteira do Estado.