Sectei levanta potencial turístico dos marcos da Retirada da Laguna
Sectei levanta potencial turístico dos marcos da Retirada da Laguna
07 novembro 2015 - 10h15Por Sectei
12 de junho de 1867 – Porto Canuto, margem esquerda do rio Aquidauana. Terminava ali a Retirada da Laguna – o último episódio da chamada Guerra da Tríplice Aliança , a maior e mais sangrenta guerra da história sul americana.
Para fazer o reconhecimento dos marcos históricos e ver de perto o potencial do turismo histórico cultural, uma equipe da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (sectei) e da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) fez uma viagem no tempo e percorreu os principais pontos de importantes batalhas durante o período de guerra. O superintendente de turismo da Sectei, Matheus Dauzacker, explicou o porquê da visitação. “ Estamos aqui para identificar um produto turístico. Nossa intenção é traçar uma rota turística cultural que atraia turistas interessados em conhecer a história do nosso País”.
A visita começou pelo Parque Histórico Colônia Militar dos Dourados, no município de Antônio João, onde o secretário da Sectei, Athayde Nery, e os superintendentes de turismo, Matheus Dauzacker, e cultura, Zito Ferrari, foram recebidos pelo comandante do 10° RCMec, coronel Rocha Lima, para uma visita do Museu existente no local , criado em abril de 1977, para preservar o patrimônio do Exército Brasileiro.
A Colônia dos Dourados foi palco em 29 de dezembro de 1864 da primeira batalha entre paraguaios e brasileiros – Epopéia dos Dourados – que marcou o início do conflito da Guerra do Paraguai, depois chamada de Guerra da Tríplice Aliança.
O grupo, que tinha ainda os historiadores Ricardo Figueiró e Rita Natalia Serenza Ferreira Alves e a professora Suelise de Paula Borges de Lima Ferreira, ambas da Gerência de Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de MS, e o arquiteto Jackson Mario Borges dos Santos da Fundação de Turismo de MS, teve uma verdadeira aula de história e visitou os principais marcos da Colônia que mantém um memorial do Tenente Antônio João. Foi ele que, ciente da aproximação do exército paraguaio, evacuou o local e permaneceu junto com outros 14 homens para uma batalha com 365 paraguaios, que resultaria na morte de todos os brasileiros.
O reconhecimento dos marcos históricos passou também pelo Parque Nacional de Cerro Corá, em Pedro Juan Caballero , no Paraguai, onde o auxiliar da Secretaria Nacional de Turismo, Jorge Domingues, guiou o grupo para a visitação ao ponto da última batalha da Guerra da Tríplice Aliança e ao local onde o Marcehal Francisco Solano Lopez foi morto pelo Exército Brasileiro, pondo um ponto final no combate.
Dando sequência ao trabalho, a visitação continuou no dia seguinte. Dessa vez em Bela Vista e guiados pelo Capitão Krugerson Mattos, um pesquisador da história da guerra. “Nós temos aqui o maior polo turístico histórico da fronteira e os brasileiros precisam conhecer isso”, ressaltou o capitão que é um dos idealizadores da encenação do episódio da Retirada da Laguna que acontece desde 1999 como uma forma de fortalecer a história e homenagear os heróis de guerra brasileiros.
Capitão Mattos levou o grupo até os marcos existentes no município que foi palco da maior e mais sangrenta batalha do conflito – a Batalha de Nhandipá.
Para o secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery, a visita foi muito importante “para elucidar a história uma vez que a proximidade e a narrativa in loco facilita o entendimento dos fatos.”
Todo o material colhido durante a visitação será compartilhado em uma reunião, marcada para o próximo dia 12 em Campo Grande, onde se reunirão todos os agentes envolvidos nas atividades alusivas aos 150 anos da Retirada da Laguna, que acontecerão em 2017.
A idéia inicial, proposta pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS e pelo Comando Militar do Oeste – CMO é fazer, a partir de agora até o ano de 2017, um calendário com a realização de atividades sociais, artísticas, políticas, culturais, militares e civis que relembrem os fatos.
Ao final da visita, o superintendente de cultura da Sectei, Zito Ferrari, ressaltou a importância desse resgate histórico. “Temos que fazer chegar esse conhecimento aos nossos jovens. Vamos trabalhar junto a Secretaria de educação para aprofundar o estudo da guerra da Tríplice Aliança dentro da grade curricular da rede estadual de ensino”.
Para o secretário Athayde Nery , esses são feitos históricos que não se apagam mais. Os Países envolvidos na guerra aprenderam a superar as animosidades e conviver pacificamente. “ É na guerra que se percebe a necessidade da paz”.
A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA
A , inicialmente, chamada Guerra do Paraguai é ainda um dos fatos mais discutidos da história brasileira. Em dezembro de 1864 o Paraguai invadiu Mato Grosso em represália à intervenção brasileira na guerra civil uruguaia. Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança para derrubar o presidente Solano Lopez, obter a livre navegação na Bacia do Prata e anexar parte da área em disputa com o Paraguai. O conflito teria sido instigado pela Inglaterra. A guerra terminou em 1870 com a derrota do Paraguai.